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quarta-feira, 3 de março de 2010

Roberto Crema


Roberto Crema é antropólogo, psicólogo analista e sintetista, criador do enfoque da Síntese Transacional e Vice-Reitor da Unipaz/Brasília.
Segundo ele, a crise que testemunhamos é de demolição, lição do demo. Lição da fragmentação, do egocentrismo, da exclusão, da falta de escuta, da perda dos valores fundamentais da espécie.
É também uma crise da crisálida, de transição, de espasmos de parto de uma nova consciência.
Para Roberto Crema, há motivos de sobra para as nossas lágrimas e, também, para os nossos risos. Lembrando a sabedoria chinesa, ele afirma que crise significa perigo e oportunidade. Para os despreparados, representa estresse e colapso. Para os bens centrados, significa um trampolim para o aprendizado e a evolução.
Sempre podemos nos preparar para a tarefa de reconstrução, inspirando-nos no lótus, que brota do lodo e o transforma em flor. Transmutar os escombros de nossas torres de Babel do suposto-poder, em pedras de suporte para a edificação de um novo viver, mais integrado, solidário e digno, eis um portentoso desafio do novo milênio.
Roberto Crema, que também é consultor em abordagem holística e ecologia do Ser, diz que cuidar de nossos jovens é, antes de tudo, abrir a nossa escuta para os seus desejos, os seus sonhos, os seus temores, os seus arrepios, os seus amores. Ser capaz do diálogo aberto e franco. Cuidar de nossos jovens é conspirar por uma nova educação que, além de um rudimentar adestramento intelectual, possa colocar a alma e a consciência na sala de aula.
Necessitamos, prementemente, de uma alfabetização psíquica, através de um currículo que inclua a subjetividade e facilite o desenvolvimento das inteligências emocional, onírica, ética, noética, relacional e essencial. Como conclama a própria UNESCO, através de recentes e paradigmáticos documentos, urge desenvolver a abordagem transdisciplinar em educação, através de seus quatro pilares: educar para conhecer, educar para fazer, educar para conviver e educar para Ser.
Necessitamos, portanto, de uma pedagogia iniciativa que, através de uma via interior, facilite que o Aprendiz possa inclinar o coração para aprender a aprender, esclarecendo e nutrindo suas sementes vocacionais, para que possa fazer render os seus naturais e autênticos talentos. Somente os que possuem vocação estarão preparados para os tremendos desafios deste século, cujas caudalosas águas já navegamos! Cuidar de nossos jovens é, sobretudo, dar um testemunho de um existir mais íntegro e transparente, mais terno, sábio e fraterno. Menos discursos e mais exemplos, menos palavras e mais ações.

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